Exposição crônica intermitente ao inseticida clorpirifós induz remodelamento cardíaco, associado com prejuízo cardiovascular e estresse oxidativo em ratos
Nome: VITOR SAMPAIO MINASSA
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 04/03/2022
Orientador:
Nome | Papel |
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KARLA NÍVEA SAMPAIO | Orientador |
Banca:
Nome | Papel |
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JULIANA BARBOSA COITINHO GONCALVES | Examinador Interno |
NAZARE SOUZA BISSOLI | Coorientador |
VINICIA CAMPANA BIANCARDI | Examinador Externo |
Resumo: Introdução: O clorpirifós (CPF) é um pesticida da classe dos organofosforados (OF), banido em alguns países devido a sua toxicidade em humanos, mas que continua entre os mais utilizados no mundo. Estudos clínicos evidenciam que as manifestações cardiovasculares estão comumente presentes, além de potencialmente fatais em caso de envenenamento por OF. Estudos do nosso grupo mostraram que exposições do tipo aguda e intermitente ao CPF em ratos, levaram a prejuízos sobre reflexos cardiovasculares. Adicionalmente, evidências apontam para uma associação entre exposições a compostos OF, danos no tecido cardíaco e indução de estresse oxidativo. A cardiotoxicidade parece decorrer de um processo complexo e multifatorial, mas inexistem estudos que avaliem os efeitos de uma exposição intermitente ao CFP sobre a função cardiovascular, a estrutura cardíaca e o desenvolvimento de estresse oxidativo. Método: Ratos Wistar foram expostos, por via intraperitoneal, ao CPF, nas doses de 10 mg/kg e 7 mg/kg, ou salina por 4 semanas (3 vezes/semana), sendo divididos em três protocolos experimentais ao término do tratamento. No protocolo experimental 1, em ratos acordados, o reflexo de Bezold-Jarisch (RBJ) e o tônus autonômico cardíaco foram avaliados e amostras de coração foram coletadas para análise da morfometria e da deposição de colágeno. A contratilidade do ventrículo esquerdo foi avaliada no protocolo experimental 2 em animais anestesiados. No protocolo experimental 3, amostras biológicas de plasma, tronco encefálico e coração foram coletadas e utilizadas, respectivamente, nas dosagens de atividade enzimática da butirilcolinesterase plasmática (BuChE), da acetilcolinesterase (AChE) no tronco encefálico e na avaliação biomolecular do estresse oxidativo. Resultados: A exposição intermitente ao CPF induziu hipertrofia cardíaca associada a um processo de remodelamento cardíaco patológico (aumento no diâmetro dos cardiomiócitos, e na deposição de colágeno) combinado com um prejuízo do RBJ e aumento do tônus vagal cardíaco, mas sem alteração na contratilidade do ventrículo esquerdo. Adicionalmente, a exposição intermitente ao CPF promoveu um aumento da expressão proteica da NADPH oxidase e levou a peroxidação lipídica no tecido cardíaco, com consequente aumento na expressão proteica de enzimas antioxidantes (Catalase e superóxido dismutase-1), indicando a ocorrência de estresse oxidativo cardíaco. A efetividade da intoxicação foi confirmada pela redução da atividade da AChE no tronco encefálico e da BuChE plasmática nos animais expostos ao CPF. Conclusões: Nossos resultados apontam que a exposição intermitente ao CPF promoveu remodelamento cardíaco patológico, associado a um prejuízo cardiovascular e a ocorrência de estresse oxidativo. Resguardadas as devidas limitações dos modelos experimentais para simular quadros de exposição/intoxicação em humanos, as alterações encontradas indicam que mesmo uma exposição intervalada a compostos dessa classe, pode representar um significante risco cardiovascular, com importantes implicações clínicas nos indivíduos expostos.
Palavras Chave: clorpirifós; cardiotoxicidade; exposição intermitente; estresse oxidativo; hipertrofia; função cardiovascular